Problemas no Céu? Tensão Aérea entre EUA e México
A relação entre Estados Unidos e México, muitas vezes complexa e multifacetada, abriu uma nova frente de tensão: o setor aéreo. Recentemente, o Departamento de Transporte dos EUA (DOT) anunciou uma série de restrições significativas contra as companhias aéreas mexicanas, uma medida que surge como retaliação às decisões tomadas pelo governo do México desde 2022 para descongestionar o Aeroporto Internacional da Cidade do México (AICM) e impulsionar o Aeroporto Felipe Ángeles (AIFA).
Desde 2022, o governo mexicano implementou ações como a transferência obrigatória de operações de carga para o AIFA e a redução de faixas horárias (slots) no AICM. Essas medidas, destinadas a melhorar a segurança e eficiência do setor aéreo mexicano, foram interpretadas pelo DOT americano como uma violação do acordo bilateral de transporte aéreo de 2015. O secretário de Transporte dos EUA, Sean Duffy, foi contundente em sua advertência, sinalizando que os EUA rejeitarão solicitações de voos do México se suas preocupações sobre o acesso de suas companhias aéreas ao mercado mexicano não forem abordadas. Além disso, as companhias aéreas mexicanas serão obrigadas a apresentar os horários de todas as suas operações nos EUA, e qualquer voo charter do México que aterrissar em território americano deverá ter aprovação a partir de outubro. A medida mais drástica, e que gerou maior preocupação, é a possível revogação da aliança estratégica entre Delta e Aeroméxico, um acordo vital para ambas as companhias e para a conectividade entre os dois países.
O impacto dessas restrições é considerável. O mercado americano representa aproximadamente 70% dos turistas internacionais que viajam para ou do México. A potencial dissolução da aliança Delta-Aeroméxico poderia resultar em uma perda significativa de passageiros e afetar empregos em ambos os lados da fronteira. Embora o foco principal dessas medidas pareça ser o transporte de passageiros, as implicações para a logística e a cadeia de suprimentos não são menores. A transferência de operações de carga para o AIFA já gerou ajustes, e qualquer limitação na capacidade aérea geral poderia repercutir na eficiência do transporte de mercadorias, afetando diretamente o comércio internacional.
Este cenário se soma a uma série de disputas comerciais e diplomáticas entre México e EUA, que incluem discussões sobre tarifas, combate ao narcotráfico e migração. A indústria aérea mexicana, através da Câmara Nacional de Aerotransportes (Canaero), expressou sua preocupação com o alto impacto dessas medidas na conectividade e na competitividade do setor, fazendo um apelo ao diálogo bilateral para priorizar os passageiros e o desenvolvimento econômico. É crucial lembrar que o México mal recuperou a Categoria 1 em padrões de aviação dos EUA em setembro de 2023, após 28 meses de degradação. Essa nova escalada ameaça impor uma nova camisa de força às companhias aéreas mexicanas, complicando ainda mais um setor que busca se consolidar e expandir.
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, declarou que
“não há razões” para restringir os voos do México para os Estados Unidos e que aguardarão a notificação oficial para analisar as medidas exatas. No entanto, a tensão é palpável e a necessidade de uma resolução diplomática é urgente para evitar maiores afetações à economia e às relações bilaterais. A situação sublinha a interdependência econômica entre os dois países e a importância de manter canais de comunicação abertos e construtivos para resolver disputas que, se não forem atendidas adequadamente, podem ter consequências de grande alcance para a logística, o comércio e o transporte na região.
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